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No filme "Gigantes de Aço", Dakota Goyo dá vida a Max, um menino completamente envolvido pelos jogos de videogame. Max é o filho rejeitado de Charlie, personagem vivido por Hugh Jackman, responsável pela revolta que pode acometer qualquer família que almeja o melhor para seus filhos.
O menino protagoniza cenas que fazem o coração saltar ainda mais forte ao falar abertamente com seu pai, como se este estivesse em uma condição igual à dele. Não está. Charlie já viveu muito mais tempo que Max, já está cheio de marcas de uma vida de insucessos, que o deixam amargo e com pouquíssimos meios para contribuir de algum modo com o único filho.
Ao descer do carro de seus tios rumo ao encontro de seu pai, o menino Max já nos dá mostras de sua personalidade, pois interroga Charlie sobre o valor pelo qual fora vendido. O pai do garoto não viu nenhum problema em precificar a guarda do menino, deixando-a aos tios de Max. Não identificou nenhum "porém" em utilizar o dinheiro para adquirir mais um robô lutador.
De modo semelhante, também não levou em consideração o fato de que Max tinha acabado de perder sua mãe. Tampou-co, Charlie não fez muita questão em dar a resposta que o filho queria, ou seja, o valor com que fora vendido. No decorrer do filme, incontáveis vezes somos surpreendidos pelo lado inconsequente de Charlie em relação ao menino.
Isso revolta. Porém, mais uma vez, o cinema nos dá recursos de abordagens em sala de aula, principal-mente quando estamos em algum trabalho com a família de nossos alunos. No filme, o final é feliz, se é que podemos chamar assim um final que tem uma criança envolvida em cenas de tamanha agressividade. Contudo, na vida real, o final pode ser tenebroso, brutal, trágico e cruel.
O fato de os combates se darem entre robôs não colabora, de modo algum, para a diminuição da carga de violência. Enquanto as "latas" se amassam durante os numerosos combates que aparecem no filme, o caráter cruel e impiedoso das pessoas que os controlam aparece clara-mente.
Max, um menino de apenas 11 anos, não apenas presencia tudo isso, mas ele é participante ativo e responsável por levar o filme a um desfecho "feliz". A comemoração, o olhar de carinho e cumplicidade entre um dos robôs e o menino, o abraço entre pai e filho...
Bom, nada disso parece compensar a angústia de termos visto uma criança desamparada pelo pai, acompanhando-o a tantos lugares inadequados à idade e aos direitos que deveriam ser assegurados a ela. Claro que esse desamparo foi aparente-mente vencido, mas é só isso, tudo parece muito vago, sem bases sólidas e prematuro.
Como todo bom filme, "Gigantes de Aço" é capaz de nos deixar revoltados, ansiosos e com o desejo intenso de fazer mais pelas crianças com as quais hoje temos contato. Com nossos alunos, o filme é uma grande oportunidade de trabalho com a família de cada um deles.
*Erika de Souza Bueno Coordenadora Pedagógica do Planeta Educação. Professora e consultora de Língua Portuguesa pela Universidade Metodista de São Paulo. Articulista sobre assuntos de língua portuguesa, educação e família. Editora do Portal Planeta Educação
**Ex-Libris Comunicação Integrada
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